quinta-feira, 31 de maio de 2012

MOÇAMBIQUE - AFRICA- ESCOLAS

 A DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM  DO ALUNO É DE RESPONSABILIDADE DA GESTÃO ESCOLAR.

            Prof. Dr. Geraldo Almeida -UFPR

Quando a escola não consegue localizar qual é a dificuldade do aluno acontece o já conhecido desserviço, ou seja, todo o tempo e o investimento feito à criança  não dará qualquer resultado visto que O ALUNO não possui condições de capturá-lo. No entanto,  o que falta, na  base do problema é um plano para localização da dificuldade que impede o aluno de aprender e consequentemente daí advém um projeto para o  atendimento e a solução do problema.
Para a superação desta realidade, minha opção é por RTI - metodologia universal desenvolvida nos Estados Unidos. RTI, sigla em inglês para Respostas às intervenções tem se apresentado como uma importante ferramenta contemporânea para as escolas inclusive brasileiras.
Sempre que falamos de algo que vem dos Estados Unidos sempre encontramos alguns leitores que já saem com as pedras indagando e atirando: - Só porque é de lá tem que ser bom?  Confesso que eu também já ocupei esta posição, mas basta abrir um pouco a guarda e entender que se eles estão onde estão, alguma coisa boa eles também sabem fazer. E se são boas, porque não acatá-las? Qual é o problema copiar algo que trará benefícios?
A metodologia de RTI propõe que os trabalhos sejam realizados a partir de fatos e de dados levantados, ou seja, diante da constatação de não aprendizagem de conteúdo, a escola pode e deve traçar um plano multidirecional  para começar as intervenções junto a criança e/ou adulto em desenvolvimento escolar. Esta metodologia prevê que os domínios de leitura e escrita, tão essências hoje, sejam alcançados por todos os alunos visto que ela propõe, para cada um,  plano diferenciado, e portanto, de acordo com suas necessidades. Sem esta competência nenhuma outra se inicia, mesmo que sejam problemas relacionados a ciências, matemática, química ou física. RTI começa e termina com domínio de leitura. A metodologia de RTI  estabelece, no entanto, quatro componentes essenciais para as respostas às intervenções. São eles:
 
Que a escola esteja preparada, profissionalmente e logisticamente,  para avaliar, reconhecer e diagnosticar a  dificuldade de aprendizagem e o comportamento que advém desses  para depois prever/planejar o sucesso de seus alunos;

Que a escola tenha rapidez na triagem dos alunos com dificuldades;

Que a escola faça efetivamente a medição entre as dificuldades apresentadas e os progressos dos alunos mediante as intervenções;

Que a escola tenha um  plano de ação, baseado em fatos  e dados, portanto repleto de  indicadores, que irão nortear as futuras ações ou até mesmo a mudança de estratégias.

Se observamos as condições colocadas e se compararmos essas condições com um plano estratégico de uma empresa, veremos uma total similaridade. E é exatamente este o princípio da coisa – tornar a escola uma empresa que produz efetivamente aquilo para o qual se apresenta: formar e educar.
Mas, neste momento, penso que inúmeros leitores devem se perguntar – Mas a escola  é uma fábrica? A escola  é uma empresa? ( Aos conservadores de plantão respondo com uma frase de Chico Buarque: ouça um bom conselho, te dou de graça, inútil dormir, porque a dor não passa, espere sentado ou você se cansa, está provado, quem espera nunca alcança). No Chile, por exemplo, as escolas possuem contadores fiscais, administradores de empresa, dentre outros e o resultado da presença destes profissionais dentro da escola levou o país em 2010 ao melhor IOH ( Índice de Oportunidade Humana)   da América latina.  85 foi  o índice de um total de 100.  ou seja, assim que somaram aos projetos de formação de valores, que lá no Chile são muitos, estes outros profissionais, os resultados se multiplicaram e entre as metodologias usadas por esses novos atores de transformação, encontra-se RTI.
Com RTI a informação levantada  destina-se a proporcionar aos educadores orientações para a implementação que, reconhecida após a investigação, passa a trazer  novas e pertinentes  práticas, baseadas em evidências. Essas práticas garantem as respostas esperadas e planejadas.
Espera-se, portanto, que este breve é útil levantamento de problemas, feito pelos professores e toda a equipe das escolas, mediante capacitação, possa servir para que eles  façam o planejamento da  RTI e procedam efetivamente a operacionalização.
O que isto também quer dizer é que não dá mais para fazer escola somente com professor, diretor e coordenador. As escolas ainda relutam e patinam nas equipes pobres e minguadas para se auto-gerenciarem. Escola feita só com essas figuras básicas não funcionam mais. A escola requer, e com urgência, outros profissionais, inclusive aqueles que costumeiramente não são lembrados. Exemplo, alguém já parou pra pensar que os professores não podem mais ficam sem terapias? Sim, professores desequilibrados e sem o menor controle emocional estão por toda a parte. Somando  essa constatação  ao pequeno número de optantes por esta profissão podemos ver a necessidade de cuidar daqueles que ainda estão nela. Alguém já parou pra observar o quanto os professores são relutantes com índices? Professor tem medo de avaliação, de índices, de indicadores, de gráficos e de tabelas sempre que esses são relacionados ao seu próprio trabalho e à sua realidade – sem generalizações, mas é fato. Tenho a impressão que alguns educadores acham que indicadores maculam o exercício da escola, mas é bom lembrar que a escola deve prestar um serviço à comunidade e este serviço precisa de qualidade, exatamente como todos os outros serviços prestados por outras empresas sociais. Porém, quando ouve-se por ai que tem uma prova disto ou daquilo para avaliar a escola, sempre surgem insurretos tentando desqualificá-las com discursos arcaicos e piegas. Porém, gerenciar dificuldades de aprendizagem e conduzir um plano para superação delas exige lida diária com avaliações, índices, indicadores, etc.Nas empresas de ponta já encontramos plano de negócios, participação nos lucros, plano de benefícios, plano de qualidade de vida dentro e fora do trabalho, mas tudo isto associados à produtividade. Produtividade é sucesso. Aprendizagem é sucesso.
Foi se o tempo que para administrar uma escola bastava conhecer a comunidade, ouvir os pais e fazer reuniões com os professores. Hoje o gestor escolar precisar conhecer profundamente de estatística e precisa reconhecer como ninguém indicadores, sejam financeiros ou educacionais. Além disto, é preciso entender de um vez por todas que nenhum gestor escolar está capacitado, ou um dia estará, para gerenciar problemas de rotina administrativa e problemas de aprendizagem dos alunos. Isso chega a me parecer uma piada pedagógica para os dias de hoje. Gestor educacional que faz de tudo, faz tudo com qual qualidade?  Fazer de tudo em uma escola é o  equivalente a dizer que um piloto de avião também poderia, ao mesmo tempo, ser também o comissário de bordo. Triste é perceber que não avançamos nada neste quesito. Ainda encontramos na realidade brasileira gestores escolares que querem nos fazer acreditar, e muitos ainda acreditam, que conseguem fazer as duas coisas com o mínimo de qualidade. Eu duvido deles – sempre!
Não se pode negar que ambas, parte administrativa  e parte pedagógica, caminham juntas afinal, enquanto o piloto conduz a aeronave a comissária garante o serviço e o vôo segue tranquilo, porém, se o piloto sair da cabine pra atender a solicitação do passageiro, o que acontecerá com o avião? E lembramos que até mesmo para esta tarefa o piloto conta com ajuda do co-piloto e a comissaria é feita por várias pessoas.
Ainda preciso lembrar que dá pena de alguns município em que a gestão escolar é feita pelos “colaboradores” de campanha dos prefeitos. Ou seja, a cada 4 anos, mudam os prefeitos e mudam também as gestões das escolas. Isto não teriam nenhum problema se os ocupantes destes cargos tivessem preparação para exercer o oficio. No entanto, o que ocorre é que nesses casos quem ocupará uma destas posições é aquele agente de campanha eleitoral que trouxe mais voto e que exigiu, como pagamento, um cargo por indicação justamente na direção de uma unidade escolar. E sabe o que mais entristece? É que o grupo de professores destas escolas não podem ou não querem fazer nada. Aceitam esta imposição. Resultado – quem não tem liderança, caminha pra onde? Quem não tem bússola se orienta de que forma?  “ o mar não ensina ninguém a navegar, diria Saramago”
Já nas escolas privadas o problema é outro, coordenadores e mais coordenadores por área ou por modalidades não desenvolvem trabalhos com sequências didáticas. Ou seja, ainda persiste em algumas escolas (ou seria muitas ) uma eterna separação entre professores de educação infantil dos demais professores. Nunca vi professores de educação infantil fazendo planejamento junto com professores de ensino fundamental, fase final ou de ensino médio. Mas o curioso é que quando falamos em competências todo mundo acredita ser uma boa direção para a escola trabalhar, mas uma competência não aconteceria ao longo de uma etapa? Não seria imprescindível que um resultado, esperado lá no ensino médio, por exemplo, fosse uma construção, passo a passo, desde a educação infantil?
A aprendizagem e o processo de formação do  aluno, seja ele uma criança ou um  adulto, depende de um conjunto de ações, que pode ser previsto e administrado pela aplicação de RTI, no entanto, para que uma dificuldade de aprendizagem seja superada, é preciso que a escola esteja certa de que o aluno que tem aprendizagem fora do padrão, tanto de tempo como de intensidade precisa desta plano de ação para ser atendido, caso contrário a escola estará tão somente trabalhando com os bons alunos, porém, excluídos aqueles que apresentam diferenças e/ou limitações.
O aluno que precisa de mais tempo para aprender certos conteúdos precisa de RTI para que ele não perca o foco e o objetivo. O aluno que só pode aprender parcialmente um conteúdo tem também a mesma  necessidade, ter uma RTI capaz de apontar, com certeza, que sua limitação não o permite seguir adiante. Assim se faz o profissionalismo que leva tantos países a se orgulhar da educação que tem e que oferece.
Penso que é preciso repensar, e com a mesma urgência, as questões  acerca dos gestores escolares. Eles precisam de mudança de visão, eles precisam de quebra de paradigmas, eles precisam se abrir para o novo, eles precisam de reciclagem urgente. Eles precisam jogar fora a visão de escola como espaço de misericórdia. Eles precisam urgentemente navegar por mares nunca antes navegados.



3 – SEQUÊNCIA DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE É E COMO SE FAZ?
Os conhecimentos de forma organizada em projetos, sequencialmente estruturados, levam as crianças a desenvolverem competências muito mais elaboradas do que simplesmente trabalhar os parâmetros de forma desarticulada e separada. A educação infantil hoje atende crianças com muitas informações e essas precisam de outro tipo de planejamento e de condução diária de suas rotinas, assim, planejar e desenvolver atividades que desenvolvam realmente de forma global estas crianças é o objetivo maior desta palestra. Os conteúdos desta palestra versam sobre identidade e autonomia nas crianças, o desenvolvimento motor, o equilíbrio emocional, a socialização e acima de tudo o desenvolvimento das cinco linguagens mais importantes nesta fase: o desenho, a música, as mídias, o movimento e a estimulação para a escrita e a leitura.

4 – O PROFESSOR INESQUECÍVEL (para professores do infantil, fundamental e do médio)
Quem nunca teve um professor inesquecível? Quem nunca teve medo do que um professor pudesse fazer diante da falta de entrega da tarefa? Quem nunca levou um maçã, um doce ou um bilhete com uma declaração de amor rasgada ao professor ou à professora? Esta palestra mostra, passo a passo, como alguns professores foram ficando marcados em nós durante anos de escolarização. Este resgate serve ao professor Geraldo Almeida justamente para fazer as reflexões de como estamos executando nossos trabalhos hoje. A palestra serve como uma auto reflexão: estamos sendo inesquecíveis porque somos amados entre nossos alunos ou estamos sendo inesquecíveis porque somos odiados por aqueles a quem deveríamos conquistar? É uma viagem pelas características mais comuns entre aqueles que educam diariamente.

5 – TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA (para professores do fundamental e principalmente alfabetização e inclusão)
Esta palestra traz uma abordagem nova para os conceitos de planejamento escolar. Trata-se de planejamento por sequência didática, a partir de unidades corporativas. Todos estes conceitos estão a serviço daquilo que é mais importante para a escola, transformar saberes científicos em aprendizagem da criança e do adolescente. A palestra propõe significativa distinção entre o conhecimento produzido no espaço cientifico e o conhecimento que se deve produzir no ambiente escolar, principalmente aquele onde se desenvolve o ensino básico. O produto desta reflexão sobre a esfera educativa e suas realidades didáticas, pratica e conceitual é “uma discussão muito franca, com apontamentos muitos diretos”, o que permite uma clara visualização dos vários elementos do conjunto escolar.

6 – TEORIA E PRÁTICA EM PSICOMOTRICIDADE ( para inclusão)
Ao se falar em psicomotricidade, estamos falando de humanização, de relações afetivas, de envolvimento do homem com os ambientes, com os fatos e com outras pessoas. Desta forma, além de definir os termos relacionados à psicomotricidade e apresentar práticas para diversas situações, propõe a forma transdisciplinar para ser trabalhadas ao mesmo tempo sem se perderem os conteúdos e os ideais de um homem integrado à sua sociedade e a seu corpo, bem como sua forma de estar no mundo. Mesmo nas séries mais avançadas, como é o caso do ensino fundamental e do ensino médio, pode-se (e deve-se) pensar no homem completo, construir o homem integral e viver as dimensões da multiplicidade e da biodiversidade.Reconhecer o próprio corpo é a melhor maneira de encontrar o outro.

7 – LER, ESCREVER E PENSAR  (para fundamental e médio)
Nesta palestra ao invés de ficarmos discutindo se é bom ou não assistir à televisão, se é melhor ler um bom livro ou ver um filme, buscamos apresentar uma proposta que traz a televisão, o filme e as outras formas de linguagem para dentro da produção textual gráfica. Juntam-se as múltiplas linguagens em uma única produção textual com o intuito de mostrar aos professores uma saída para a crise generalizada de não produção de textos gráficos nas series iniciais e finais do ensino fundamental, como também o não entendimento, por parte do aluno, daquilo que ele lê ou vê diariamente nas outras formas de expressão.

8 – PRATICAS DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Propor atividades que levem à alfabetização e ao letramento social são conseqüências das atitudes adotadas pelos profissionais que farão uso dos saberes das várias teorias em conformidade com o verdadeiro papel da escola, que é alfabetizar alunos com ou sem limitações no processo de formação, dando a eles a possibilidade de descobrir o mundo em que estão inseridos e o papel das linguagens nele. Se o método é fonético ou psicodinâmico para alfabetizar, não importa aqui nesta palestra, pois quem determina o melhor método é a criança, personagem central da aprendizagem.Não importa a série, mas sim à atitude do professor que é o responsável pela condução da criança rumo a uma conquista que o levará à autonomia social e às mais diferentes dimensões da cidadania, que é aquisição da leitura e da escrita.

9 – BASES NEUROPSICOLÓGICAS DA APRENDIZAGEM
Esta é uma palestra para o desenvolvimento inicial do tema neuropsicologia hoje dentro da sala de aula. É uma palestra didático-informativa em que os primeiros conceitos são trabalhados. Como o cérebro absorve a guarda conteúdos? Como as crianças podem melhorar suas aprendizagens a partir da multiplicidade de linguagens? Quem são os alunos que não aprendem? Como desenvolver o cérebro para o raciocínio lógico? Para estas questões são apresentadas respostas á luz da neuropsicologia.